domingo, 24 de maio de 2009

Vidas e Voltas

Eis Viviane em momento reflexivo...


Eu, poeta, poderia dizer que a vida
É um romance inacabado
Sem fim e sem passado
Um imenso turbilhão
De coisas que vêm e que vão
O tempo todo, acontecendo.
E de repente, tudo muda
Transmuta, transforma
Muda a forma, além da forma
E de repente, tudo passa
Passam os sonhos,
Na passarela do tempo
Passa ela, passa o tempo
Passatempo, tempo, passa... passou!
Simplesmente foi
Simples mente se vai
Vai, flui, vagueia, voa
Voa pensamento,
Na valsa do vento
Voa sensação
Ação de sentir
(De quem se permite sentir)
De repente, um deslize
E mesmo um coração turvo
Em pensamentos e razões
Sem querer, às vezes sente
Sente que a vida é bem mais
Do que aquilo que se pode ver
Medir, cheirar, tocar...
Eu poeta, poderia dizer simplesmente
Que na passarela do tempo, a vida passa
Tão de repente, que as vezes a gente nem vê
Não toca, não cheira, não sente...
Mas o curioso da vida é que ela sempre volta
Com outras caras e corpos
Em outro cenário, em outro lugar
Na marcha do tempo, voltam as vidas
Nas voltas que a vida dá.


Viviane Pascoal

quarta-feira, 11 de março de 2009

A TV no banco dos réus

Antes de discutir a “verdade da televisão” e colocá-la no banco dos réus para o julgamento de valores, entre o bem e o mal, proponho um convite à reflexão. Uma leitura – ou releitura – do mundo. Não é preciso para isso retomar o surgimento da humanidade, nem percorrer os corredores obscuros da história e da filosofia. Basta lembrar de uma célebre frase de Arthur Schopenhauer, traduzida para o português como: o mundo é minha representação, ou ainda “o mundo é sua representação”. Sua ou minha, a representação é um fato, e o fato é sua representação.
Sem grandes profusões filosóficas, o importante é se observar que a idéia defendida por Schopenhauer em 1819, e interpretada por muitos, está intrinsecamente ligada às discussões atuais sobre a imagem na TV. A exploração do tempo, do espaço e a manipulação da a realidade. O que tomamos por realidade, é um recorte que a representa, um fragmento deslocado de seu contexto e manipulado através da linguagem da televisão, para produzir sentido, mesmo que este esteja pautado em uma cópia imperfeita do real.
Uma cópia imperfeita e estrategicamente selecionada, editada. Não apenas pelas câmeras de TV, diretores, editores, produtores ou qualquer um envolvido nos bastidores da notícia. Há uma seleção ainda mais sutil, que é a do olhar. O olhar que escolhe o que quer mostrar, e o que escolhe o que quer ver. Sobre esta questão, em entrevista para o Observatório da Imprensa, o professor Arlindo Machado, questiona: O espectador de cinema escolhe o filme que vai ver antes de sair de casa, o leitor de romances escolhe o livro que vai ler, por que então o espectador de televisão não deveria selecionar o que vai entrar no seu aparelho? Ouso ainda complementá-lo: não só selecionar o que vai entrar na sua TV, mas no complexo aparelho mental.
Entre o que é apresentado pela TV e a leitura consciente do mundo, há um abismo cultural que envolve uma rede complexa de interesses e ideologias. Para que essa lacuna seja preenchida com um diálogo criativo, envolvendo o mundo dentro e fora da tela, é preciso antes de tudo entender que a televisão é um espaço plural de representações. Assim, a realidade que cabe no tempo e no espaço da TV, é resultado da manipulação da forma e do conteúdo.
A forma é definida pela linguagem da TV. Um complexo jogo de luz, explorando o espaço, os movimentos de câmera fazendo a vez dos olhar do telespectador que não tem a oportunidade de estar “ali”, mas pode acompanhar “agora” o desenrolar dos acontecimentos. Os efeitos sonoros, a voz dando vida à narrativa que vai tocar as sensações humanas. Vale observar que são estes mesmos elementos que fazem a linguagem do cinema - luz, câmera, ação.
Vamos ao conteúdo. A informação, por si só, não tem tanto poder de persuasão quanto a forma. Assim é possível dizer que a forma (a linguagem) potencializa a manipulação da realidade. Mas tudo isso acontece muito rápido, de forma que não sobra tempo para a reflexão, pelo menos não no breve momento em que as imagens televisivas chegam ao alcance dos olhos do telespectador – aquele que assiste de longe a um espetáculo (tele- longe, espectador – aquele que assiste a um espetáculo). Do outro lado da tela, o sujeito pode até assistir de longe, mas tem a impressão de estar próximo.
Não há melhor exemplo para ilustrar essa impressão do que um jogo de futebol. Da arquibancada ninguém jamais poderia ver – e ainda mais, rever – o momento do gol, de um ângulo em que é possível assistir todo o percurso da bola saindo dos pés do jogador até entrar na área, balançar a rede e o coração das pessoas. Tampouco poderia acompanhar a emoção expressa numa lágrima que escorre no rosto de um torcedor ou explode no grito ecoante da platéia.
O telespectador é bombardeado a todo momento, pela chuva de elétrons, imagens e sons já incorporados ao seu cotidiano. O artefato funciona então como uma extensão do homem. Assim como a câmera é a extensão do olho humano. Registra, comprova, testemunha e eterniza momentos.
Momentos como os descritos anteriormente só são possíveis graças à televisão. O professor Arlindo Machado, deixa claro uma coisa: convivendo com esta TV brasileira, que como tantas outras, insiste em copiar os modelos banalizados das TVS estrangeiras, existe gente querendo fazer uma TV que utilize seus recursos para potencializar a reflexão sobre o mundo e suas representações.
Agora, ao banco dos réus. Lá não está apenas um aparelho, mas um complexo ideológico, um olhar mecânico, um espelho distorcido da realidade, editor da verdade. O julgamento já começou, mas ainda cabe uma ressalva. A pergunta central do julgamento não deveria ser se a TV é “boa ou má”, mas o quê se está fazendo dela. A própria energia nuclear é inofensiva. Pode tanto salvar vidas como destruir. O problema está em quem faz uso dela, e principalmente “como” o faz. Da mesma forma, é o conteúdo televisivo. Isso sim deveria estar sendo julgado, tanto por quem faz quanto por quem assiste, principalmente por quem a critica.
Lidar com a manipulação da realidade é ter em mãos uma poderosa ferramenta que tanto pode informar, edificar vidas e consciências, quanto pode aniquilar o que o ser humano tem de mais precioso: sua inteligência. Pode tanto engrandecer, quanto “coisificar” o homem, tornando-o uma máquina de trabalhar, gerar lucro, fazer filho e consumir. Enfim, pode valorizar ou aniquilar a capacidade humana de leitura crítica do mundo. Sua alma. Nenhuma coisa existe sem o homem para criá-la. E o homem não existe sem sua alma para torná-lo humano. A alma sem o homem ainda é alma, é energia. Mas o homem sem sua alma é apenas uma coisa.

Viviane Pascoal Dantas, jornalista

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

UM CARA CHAMADO “BONZINHO”

A BONDADE EXIGE
A ATENÇÃO EXTREMA
EM SE DISTRAIR
NOS OUTROS

O Bonzinho era um cara legal. Amigo fiel, sempre preocupado com as pessoas ao seu redor. Desdobrava-se em atenção e distribuía sorrisos gratuitamente. Sempre solícito e pronto para ajudar no que fosse preciso. Gostava de estar sempre rodeado de pessoas. Poderia ser que alguém precisasse de algo, e caso fosse, ele estaria ali.
Agia como se estivesse sempre esperando o glorioso momento em que fosse solicitado para alguma coisa. Mesmo que estivesse com toneladas de coisas para fazer, as necessidades do outro sempre vinham em primeiro lugar. Afinal, ele era daqueles que só diziam “sim”. Era um cara legal. Legal para os outros!
Também pudera! Ele cresceu acreditando na salvação pelo sacrifício, achando lindo morrer como mártir, achando nobre abdicar da felicidade por outra pessoa. Como então estranhar que ele sentisse a necessidade extrema de se doar? Essa era sua forma de ser amado. E ai de quem não o amasse!
Por trás de sua solicitude quase irritante, uma voz, no silêncio de seu íntimo dizia: “Sim, eu te ajudo no trabalho. Até por que você não saberia mesmo fazê-lo. Não fosse por mim, estaria perdido! Mas nem precisa me agradecer por isso. Em troca, você só tem que me amar.”
E se alguém ousa-se lhe dizer um “não”, recusando a ajuda, era quase possível ouvir a súplica que se espelhava em seus olhos, como se dissesse: “Por favor, precise de mim ou serei obrigado a viver a minha própria vida! Deus me livre, prefiro a sua!”

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Dançando sobre rodas

Oi, gente, depois de um longo e tenebroso tempo de ausência, volto ao blog para postar o link da reportagem em estilo literário, Dança sobre Rodas, sobre um grupo companhia de dança Bombelêla, que integra dançarinos deficientes e naõ-deficientes ao som do hip-hop.
Comentem!

http://www.textovivo.com.br/detalhe.php?conteudo=fl20090114082609&category=reportagem